A dois meses da Copa do Mundo em Natal vale uma constatação importante: a
Arena das Dunas surpreendeu por não ter provocado prejuízos aos cofres
públicos.
Em 29 meses ininterruptos de obra, a arena de Natal custou R$ 420
milhões contratados pela OAS ao BNDES na PPP (Parceria Público Privada)
com o Governo do Rio Grande do Norte. Segundo o governo, houve uma
economia de 3%, algo em torno de R$ 13 milhões.
Isso deve ser comemorado. Das 12 cidades-sede da copa, Natal é a única a
exibir resultado tão positivo. E por uma questão de justiça, é preciso
louvar o esforço da governadora Rosalba Ciarlini e da equipe que cuidou
da obra, sob o comando do secretário Demétrio Torres (Secopa/DER).
Alguém pode lembrar que cumprir os valores do contrato é uma obrigação
de qualquer governo. Não há menor dúvida. Todo governo precisa cumprir o
que está contratado, mas estamos no Brasil - o pa ís do jeitinho, do
superfaturamento, das obras inacabadas, do caixa dois e dos escândalos
de corrupção.
Basta olhar os números de outras cidades-sede da Copa para verificarmos o carnaval de desperdício com dinheiro público.
Em Brasília, a reconstrução do estádio Mané Garrincha deveria ter
custado R$ 700 milhões. Saiu por R$ 1,5 bilhão em 2013. E agora, às
vésperas do mundial, sofreu novas intervenções que elevaram o custo para
mais de R$ 2 bilhões. O Tribunal de Contas da União já investiga uma
série de superfaturamentos.
No Rio de Janeiro, a reforma do Maracanã deveria ter custado R$ 705 milhões e saiu por R$ 1,2 bilhão.
Em Recife, aqui pertinho, a Arena Pernambuco deveria ter custado R$ 530 milhões e saiu por R$ 650 milhões.
O estouro no orçamento dos estádios e arenas se verifica nas demais
sedes, exceto Natal. Outra coisa: o cronograma da obra da Arena das
Dunas foi cumprido durante a gestão de Rosalba.
Iniciada sem o menor fio de esperança por parte da opinião pública
mediante uma decisão solitária e, por que não dizer corajosa da
governadora Rosalba em não deixar Natal de fora da Copa do Mundo, a
Arena das Dunas foi entregue no final de dezembro e inaugurada no mês de
janeiro pela presidente Dilma Rousseff, que elogiou a economia
registrada na capital potiguar.
Por conta de uma série de fatores que resultou num desgaste popular
tremendo, fica fácil criticar, bater e jogar pedra na governadora
Rosalba. Mas a obra da Arena das Dunas deve ser reconhecida como um dos
pontos positivos de sua gestão, afinal, Natal será vista em junho por
algo como 7 bilhões de telespectadores mundo afora, especialmente no
jogo da Itália contra o Uruguai. Uma propaganda desta não tem preço.
Ainda mais em um Estado onde o turismo é uma de suas principais
atividades econômicas.