O governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria (PSD), afirmou
nesta terça (17) que o motim dos presos de Alcaçuz, o maior presídio do
Estado, é uma represália da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da
Capital) ao massacre ocorrido em Manaus no início do ano.
Faria declarou ainda que o PCC mandou um recado para o governo, de
que iria “tocar fogo em Natal”, caso os líderes da facção fossem
transferidos para prisões de outros Estados.
Segundo o governador, o Rio Grande do Norte “não se intimidou” e
pediu ao Ministério da Justiça um avião, previsto para ser enviado ainda
nesta terça (17), para transferir dez líderes do PCC para outros
Estados. Desses dez líderes, seis estavam em Alcaçuz e quatro, em outros
presídios do RN.
“Fazer fogueira de cabeças… Até para ver você fica chocado. É querer
intimidar o Estado. O Estado não pode ser intimidado”, disse Faria.
Ele esteve nesta manhã em Brasília reunido com o ministro da Justiça,
Alexandre de Moraes. Em seguida, Moraes se encontrou com secretários
estaduais de administração penitenciária para discutir saídas para a
crise no sistema prisional.
Desde que as rebeliões começaram, motivadas por guerras entre facções
criminosas rivais, os Estados têm solicitado ao governo federal o envio
de um maior número de homens da Força Nacional para ajudar as forças de
segurança locais.
‘SÓ OS MUROS’
O governador do Rio Grande do Norte disse que o motim em Alcaçuz foi
“impossível prever porque surgiu de repente”. Segundo ele, membros do
PCC estavam numa ala isolada dos integrantes da facção Sindicato do
Crime do RN, e não havia motivos para que brigassem.
Por isso, de acordo com Faria, o setor de inteligência do Estado
identificou que o que houve foi uma reação à morte de membros do PCC em
Manaus. A tendência, segundo o governador, é que ações do tipo se
espalhem para prisões de outros Estados.
Agora, a polícia do Rio Grande do Norte investiga se o PCC teve ajuda
de agentes do Estado para atacar o Sindicato do Crime, muito mais
numeroso que a facção de origem paulista. “Eles [PCC] tiveram armamentos
[que entraram em Alcaçuz], condição privilegiada para atacar à noite.
Deve ter tido colaboração [de agentes penitenciários ou policiais]”,
afirmou Faria.
De acordo com ele, em Alcaçuz restaram apenas os muros. Parte do
dinheiro liberado pela União para a construção de novos presídios pelos
Estados, segundo Faria, será usada para a reconstrução do presídio, que é
o maior do Estado.
O motim no local continua nesta terça. Presos permanecem em cima do
telhado, exibindo faixas e pedaços de pau. O governador disse que a
prioridade é cercar a área para que não fujam. “Não podemos entrar e
matar, temos que evitar um novo Carandiru, disse.
Há hoje no Rio Grande do Norte 120 policiais da Força Nacional,
segundo o governador. Ele pediu ao Ministério da Justiça um aumento do
efetivo.
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