Soldado é soldado, polícia é polícia – um grupo cuida da Defesa do
País, o outro trata da Segurança Interna, incluída aí as ações contra o
crime e a garantia do sistema penitenciário. Por definição, trata-se de
organizações de estilos diferentes. Os militares dos três comandos –
Exército, Marinha, Aeronáutica – são disciplinados e, claro, atenderão à
nova atribuição que receberam ontem do comandante supremo, o presidente
Michel Temer, agindo como chefe da nação, mais que na condição de chefe
de um governo.
Provavelmente atuando em conjunto, e de forma complementar, com
recursos da estrutura policial. Todavia, antes de saírem das suas bases
para o campo de operações, é preciso que saibam claramente qual é a
missão a ser cumprida. Ontem, em Brasília, isso não estava totalmente
claro. Segundo um influente general ouvido pelo Estado,
até agora há só um objetivo a ser atingido: “reprimir a entrada de
armas, celulares, drogas e artigos vetados nos presídios conflitados – e
é isso o que será feito, da forma possível” .
O quadro de pessoal das três Forças soma cerca de 300 mil homens e
mulheres. Há times especializados em todas as disciplinas de atuação
militar, mesmo na Garantia da Lei e da Ordem, atividade aperfeiçoada em
um Centro de Instrução mantido em Campinas, na 11.ª Brigada de
Infantaria Leve. Só hoje pela manhã é que o ministro da Defesa, Raul
Jungmann, deve anunciar qual é a tropa mobilizada e de onde será
deslocada para o trabalho. Em Brasília, estavam cotados os fuzileiros da
Marinha, os infantes da força terrestre com experiência no batalhão do
Haiti e os integrantes das polícias do Exército e da Aeronáutica. O
envolvimento de times das Forças Especiais e da Brigada Paraquedista,
tropas de grande capacidade de destruição, ainda não está sendo
considerado. Equipamentos necessários e planejamento logístico estão
sendo determinados.
O presidente Temer esteve cotado para assumir o Ministério da Defesa
quando era vice de Dilma Rousseff. Visitou instalações, centros de
pesquisa, unidades de fronteira e fábricas de equipamentos. Revelou
interesse pelo setor. Assim, ontem, ao anunciar a oferta da tropa no
controle das penitenciárias aos governadores, sabia dos problemas de
ordem prática da decisão tomada, a começar do mais básico: quem vai
pagar a conta? Operações militares são caras. O primeiro ano da ocupação
do Alemão e da Penha, no Rio, em 2010, custou R$ 160 milhões. O
programa de parceria apresentado no Planalto tem dimensão nacional e
será avaliado por etapas. Pode durar muito tempo.
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