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quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

ASSESSOR DE TEMER PEDE DEMISSÃO APÓS SER CITADO EM DELAÇÃO DA ODEBREHT

BRASÍLIA – A delação do ex-executivo da Odebrecht Cláudio Melo Filho resultou, nesta quarta-feira, 14, na primeira baixa do governo do presidente Michel Temer. O assessor especial da Presidência e amigo de Temer há 50 anos, José Yunes, entregou sua carta de demissão no início da tarde desta quarta.
“Nos últimos dias, Senhor presidente, vi meu nome jogado no lamaçal de uma abjeta delação, feita por uma pessoa que não conheço, com quem nunca travei o mínimo relacionamento e cuja existência passei a tomar conhecimento, nos meios de comunicação, baseada em sua fantasiosa alegação, pela qual teria eu recebido parcela de recursos financeiros em espécie de uma doação destinada ao PMDB”, escreveu Yunes.  “Repilo com a força de minha indignação essa ignominiosa versão”, afirmou.
O Planalto está apreensivo com um ponto do anexo de delação Melo Filho em que o ex-executivo narra suposto pedido de dinheiro por Temer e a entrega de valores no escritório de Yunes. Melo diz que seu relato acompanha “elementos relevantes” de prova, como “ligações telefônicas”. Ressalta que “os dados de corroboração são fortes e permitem que a investigação vá bem além daquilo que o simples acesso ao sistema (de pagamentos) da empreiteira pode permitir”.
Na carta, Yunes diz que “seria uma honra ajudar o amigo de 50 anos a colocar o País nos trilhos, após a hecatombe que arrasou a economia” e destaca que aceitou o convite de Temer para assessorá-lo na Presidência para ajudar o País.
“Para preservar minha dignidade e manter acesa a chama cívica que me faz acreditar nos imensos potenciais de meu país, declino, Senhor Presidente, do honroso cargo de assessor da Presidência, sem, porém, abdicar da admiração e da amizade que nos une desde os heroicos tempos nas Arcadas do Largo de São Francisco”, escreveu.
Yunes estava em São Paulo e conversou com o presidente nesta quarta. Segundo interlocutores do Planalto, Temer considerou um “gesto de grandeza” do seu amigo, que destacou que não quer que a “amizade entre os dois seja objeto de exploração”.
De acordo com auxiliares do presidente, na conversa entre os dois Temer reiterou sua confiança em Yunes e disse que as acusações são maldosas, infundadas, mas que prejudicam as pessoas ao atingirem as famílias e reputações.
Yunes destacou justamente esse aspecto na sua carta de demissão. “Como advogado e pai de família, que zela pelo dever de agir como cidadão sob os valores da honra e do zelo pela expressão da verdade, em respeito à minha família, aos amigos e aos concidadãos, não posso ver meu nome enxovalhado por irresponsáveis denúncias de figurantes com quem nunca tive qualquer contato direto ou por terceiros”, afirmou.
Mais baixas. Alguns auxiliares do presidente se disseram surpresos com a saída de Yunes. O Planalto amanheceu nesta quarta com rumores de possíveis baixas no primeiro escalão do governo. Especulou-se de pedidos de demissão do secretário especial Moreira Franco. E também de uma possível saída, eventualmente por motivos de saúde, do ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha. Os dois também estão citados na delação de Claudio Melo.
A assessoria de Moreira divulgou mais cedo uma nota desmentindo “boatos” que ele estaria demissionário. “Estou dedicado a colaborar no lançamento das medidas microeconômicas e no fortalecimento do programa de concessões. Não abandono lutas quando acredito nelas”, afirma ele na nota. O jornalista Ricardo Noblat publicou mais cedo em seu blog na página do jornal O Globo, que Moreira Franco estaria com a carta de demissão pronta para ser entregue, caso o presidente a peça.

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