A
plateia gritou com um entusiasmo ensaiado o nome de Zélia Cardoso de
Mello quando a ministra da Economia foi anunciada por Silvio Santos em
um “Show de Calouros” de 1990. Escalada por Fernando Collor para
justificar na TV o soluço da inflação, disse que parte do motivo era a
variação de preços no exterior. “Isso também não é culpa nossa”,
defendeu-se.
Em 1994, Fernando Henrique Cardoso foi ao “Topa Tudo por Dinheiro”
para explicar como funcionava a URV (Unidade Real de Valor), criada
antes da adoção do real. “O ministro da Fazenda foi ao auditório do
Silvio Santos para comunicar o que queríamos fazer”, explicou, anos
depois, sem mencionar que era pré-candidato ao Palácio do Planalto.
Michel Temer decidiu que não precisava mandar o chefe de sua equipe
econômica ao SBT, assim como Zélia e FHC, para falar de economia.
Resolveu abraçar, ele mesmo, a defesa da impopular reforma da Previdência em troca de alguns minutos de exposição na TV aberta.
Sem ter encontrado um candidato competitivo e disposto a defender o
governo na próxima eleição, o presidente deu início a um novo esforço
para recuperar sua imagem.
Auxiliares de Temer pretendiam pegar carona na campanha de um nome
governista para alavancar a avaliação do presidente, mas desconfiam do
empenho de Geraldo Alckmin (PSDB) e Rodrigo Maia (DEM) para exercer essa
função.
Henrique Meirelles (Fazenda), que oscila entre 1% e 2% nas pesquisas
de intenção de voto, também sai, aos poucos, dos planos do governo –ou
seria ele a estrela do bate-papo com Silvio num próximo domingo.
Volta e meia, auxiliares tentam convencer uns aos outros de que o
presidente, que tem 5% de aprovação, pode se tornar um candidato à
reeleição viável. Michel Temer vem aí? Provavelmente, não, mas parece
convencido de que terá que sair por conta própria do buraco de
impopularidade em que está preso.
Folha de São Paulo
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